Drex: entenda o que é e como vai funcionar o real digital





Drex: entenda o que é e como vai funcionar o real digital



por Carolina Coelho



Em 2024, o “real” — a moeda oficial do Brasil, completa 30 anos de existência. Três décadas depois, estamos aqui, acompanhando de perto outra revolução, desta vez impulsionada pela tecnologia. Inspirado no sucesso do Pix, o Banco Central vai, agora, criar uma representação digital das cédulas físicas: o Drex.

Mas, afinal, o que é o Drex? É uma continuidade do Pix? Tem a ver com criptomoeda? Vai substituir o real? Explicamos todos os detalhes neste artigo!

  • O que você vai ler:O que é Drex?
  • Por que o Drex foi criado?
  • Como vai funcionar o real digital?
  • O real digital terá algum custo?
  • O Drex é uma criptomoeda?
  • O Drex é uma continuidade do Pix?
  • O que é Drex?


Drex nada mais é do que uma representação digital da moeda brasileira — o real.

Esse nome foi escolhido a dedo pelo Banco Central para funcionar como uma espécie de acrônimo, em que cada letra representa uma característica do real digital. O “D” vem de digital; o “R” de real; o “E” de eletrônico e o “X” é usado como um símbolo de modernidade e conexão, assim como no Pix.



Em termos técnicos, o Drex combina a economia tradicional à economia cripto. Ele será uma versão digitalizada do real, gerada em uma rede blockchain. Essa rede é comumente usada para registrar transações de criptomoedas, mas sua aplicação pode se expandir para outras áreas, como contratos inteligentes e cadeias de suprimentos.

Mas já adianto que não. A moeda digital não é uma criptomoeda!

Você pode estar se perguntando: “o dinheiro que deixo no banco já não é uma moeda digital?” Na verdade, não. Hoje, o que existem são o dinheiro em papel-moeda — aquele guardado na sua carteira, e o dinheiro eletrônico — aquele depositado em sua conta.

Pense comigo: para conseguir fazer um Pix, por exemplo, você precisa ter o valor correspondente em cédulas físicas disponível na sua conta.

O real digital, por outro lado, será um dinheiro programável armazenado em sistemas virtuais e transacionado exclusivamente em ambiente digital, como carteiras digitais operadas por instituições financeiras.

Para usá-lo, você deverá converter seu dinheiro em Drex: cada R$ 1 vai equivaler a 1 Drex.
Por que o Drex foi criado?

O Drex é uma CBDC —sigla para Central Bank Digital Currency. No português, significa Moeda Digital Emitida por Banco Central.

Em poucas palavras, trata-se de uma versão virtual da moeda de um país. Ou seja, moedas que nunca serão impressas.

Além de reduzir custos com emissão de papel-moeda, o Drex será uma infraestrutura capaz de integrar ações, debêntures, títulos públicos e até mesmo certificados de propriedade de imóveis e veículos — tudo em um só lugar.

Não somos o único país olhando para essa direção! 👀

A digitalização das finanças é uma tendência mundial. Atualmente, 11 países já possuem sua própria CBDC, e 21 estão em fase piloto assim como o Brasil.

A China lidera a vanguarda global nessa iniciativa. Desde 2020, a Yuan Digital, conhecida por lá como e-CNY, está sendo testada. Até setembro de 2022, a moeda digital foi usada por mais de 260 milhões de pessoas.



Como vai funcionar o real digital?

Previsto para ser lançado até o fim de 2024 pelo Banco Central, o programa-piloto do Drex já está em fase de testes em 16 consórcios.

Além de possibilitar transações cotidianas, o projeto promete abrir portas para novos produtos financeiros, como os contratos inteligentes (conhecidos como smart contracts).


“O Drex nasceu para dar credibilidade para os smarts contracts. O smart contract já existe, mas o que te daria segurança para comprar um carro num smart contract de uma agência? Eu não sei quem fez, não sei se esse dinheiro vai chegar na minha conta… Quando o smart contract vier do Banco Central e das instituições financeiras, você vai ter uma credibilidade em comprar.” Márcio Rosa, Gerente de Produtos de Adquirência na Efí

Para ficar mais fácil de entender, pense na compra ou venda de uma casa. O contrato inteligente, nesta hipótese, vai garantir que o dinheiro só seja transferido quando a documentação do imóvel for alterada para o nome do novo proprietário — o mais legal é que tudo isso acontece de forma simultânea. Além de proporcionar uma compra mais segura, o contrato inteligente vai reduzir o tempo de negociação e tornar dispensável a ida ao cartório.




A lógica é muito parecida com um documento legal tradicional, percebeu? A grande diferença é que no contrato inteligente tudo acontecerá de forma simultânea, automática e digital.


“Podemos pensar no contrato inteligente num esquema de “se” e “então”. Se algo for acontecer, então eu executo uma ação.”

Fabrício Souza, Gerente de Engenharia de Software na Efí
Confira outros possíveis casos de uso do smart contract:em doações, assegurando que os fundos arrecadados sejam devidamente aplicados;em situações de empréstimos, usando o Drex como uma espécie de caução na negociação;em cartões de crédito, também usando o Drex como garantia para obter um limite de crédito maior;em vendas no e-commerce, liberando o dinheiro para o vendedor imediatamente após a entrega do produto ao cliente;em interações com a Internet das Coisas (IoT), por exemplo: geladeiras programadas para identificar quais itens precisam de reposição e gerar um pedido de compra automático para o supermercado. Ou, ainda, a instalação de um chip no veículo que efetua o pagamento assim que o valor é processado na bomba de combustível.

Nos casos de uso, a criatividade é quem comanda!
O real digital terá algum custo?

Não há uma resposta exata para essa pergunta. Mas a expectativa é de que sim, haverá alguns custos associados ao Drex. Isso porque ele será ofertado por instituições financeiras que, muito provavelmente, vão cobrar taxas pela prestação do serviço.


“O exercício que o Banco Central está fazendo, nesse momento, é de validar os fluxos operacionais. Ele ainda não está falando sobre como vai ser regulado, como vai ser taxado, como vai ser contabilizado. O mercado está ansioso para ter essas respostas, mas o Banco Central está indo com delicadeza nesse assunto, porque o mais importante, nesse momento, é a privacidade — a LGPD.” Márcio Rosa, Gerente de Produtos de Adquirência na Efí
O Drex é uma criptomoeda?

Não! Apesar do Drex usar a mesma tecnologia do Bitcoin e ser inspirado no Ethereum, o real digital não será um criptoativo.

Isso significa que o Drex não terá qualquer variação de preço e, consequentemente, não será tratado como um investimento.


“O real convencional vai continuar existindo e o Drex sempre vai ser igualado ao real. Então, 1 Drex sempre vai valer 1 real — hoje, daqui a 10 anos, daqui a 30 anos — a ideia é que ele continue com esse valor.”Márcio Rosa, Gerente de Produtos de Adquirência na Efí

Então, se você converter mil Drex em mil reais e guardar por 5 anos, vai resgatar os mesmos mil reais, sem nenhuma correção ou rendimento.

Outra grande diferença entre as criptos e o real digital é a regulamentação do Drex, que ficará sob responsabilidade do Banco Central. As criptomoedas, por outro lado, possuem uma gestão descentralizada, gerando uma certa insegurança nos usuários.


“É você pegar o que tem de bom no mercado cripto e trazer para um ambiente que é seguro, que é regulado e que tem o Banco Central apoiando.” Fabrício Souza, Gerente de Engenharia de Software na Efí
O Drex é uma continuidade do Pix?

Também não. O Pix é um meio de pagamento usado para transferir dinheiro, enquanto o Drex é o dinheiro a ser transferido — só que em versão digital.

Ou seja, estão longe de substituir um ao outro.


“O Brasil já tem o Pix. Então, se você vai fazer um pagamento na padaria, você vai continuar usando o Pix. O Drex não veio para substituir o Pix. Ele é uma plataforma complementar ao Pix.”Fabrício Souza, Gerente de Engenharia de Software na Efí

A infraestrutura tecnológica também diferencia o Pix do Drex. Como já comentamos, o Drex será desenvolvido em uma plataforma baseada em blockchain, que vai ampliar as possibilidades do mercado para representar digitalmente um bem ou direito.